CHUVAS E JOGOS DE INVERNO

Sempre que chove lembro-me dos fins de semana em casa, na Bafatá.
Nessas alturas ficava com a cara pegada na janela da sala ou do meu quarto, que era virado para o enfiamento da Rua 4.
Adorava ver a chuva cair nas folhas das árvores, e no chão da calçada do jardim. Conseguia ficar minutos sem despregar a cara da janela, até que a respiração formava um bafo no vidro.
Quando havia uma aberta saía imediatamente de casa, com a humidade ainda a sair do alcatrão.
Lembro-me de ir para casa do Becas Stone brincar no hall de entrada, com bonecos, e também no hall da minha casa, com os fortes e castelos, construídos com fósforos que laboriosamente colava com UHU.
Era igualmente a altura dos jogos de mesa, fossem cartas, a Bolsa, a Estratégia (que ainda tenho), etc.
Em casa do Becas Stone a mãe dele nunca nos deixava sair sem ajudarmos a arrumar todos os brinquedos. O Becas ficava imensamente constrangido.
E as jogatanas de cartas no quarto do Janjan, onde um ano apareceu o Batido, que depois foi meu Colega de Faculdade, cuja alcunha diz tudo. Na verdade, não era uma alcunha por cognome mas sim jocosa, porque apareceu lá na Rua a dizer que era o maior a jogar. Claro que levou uma ripada e até à Faculdade nunca mais o vi.
O inverno na Bafatá também era super-agradável.
Depois das chuvadas e já na primavera, trazíamos os bonecos de plástico da II Guerra Mundial para a Rua e, na lateral do quintal do Elsas, formavamos duas equipas, sendo que cada uma escondia no chão ou nas árvores os bonecos e fazíamos guerras aos bonecos com pressões de ar. Era bestial, até que um dia dei acertei com um chumbo na mão do Rui da Nova, porque no momento em que eu ia disparar levantou a mão para mudar a posição de um boneco.
Um abraço a todos e continuem a postar.

Kitos