"Rua do tamanho do Mundo"

"Rua do tamanho do Mundo"

sábado, 15 de dezembro de 2007

NOSTALGIAS

Ontem, Sexta-feira, dia 14 de Dezembro fui aos Olivais, visitar um cliente.

De passagem fui à Bafatá. Entrei na Rua Cidade da Praia, naquela curva ondulante em que o asfalto me é familiar. Entro na nossa rua, em velocidade lenta, pela a Rua 1 adentro e até ao fim, contorno o pequeno largo, voltando para trás, subo a Rua 4 e dou a volta no campo de futebol da Rua 3.
Está tudo tão diferente.
Lembro-me então da sebe do meu quintal, da árvore da D. Estefânea, da sebe dos Esgalhados, com as suas "bolas" vermelhas, da sebe dos da Nova, da sebe dos calvos, da sebe das Paixões, dos Malheiro Dias e dos Stones (era igual à nossa).
Recordo-me com saudade de entrar no meu quintal e arrancar sempre uma folha da sebe, que dobrava e dobrava e dobrava. Era um ritual só meu. Quantas e quantas folhas arranquei e dobrei. Quem sabe o nome daquelas sebes? Talvez o Luís (Times).
No meu quintal desapareceu o castanheiro da índia, a abrunheira, e o pinheiro já plantado penso que pela Cristina, e que apanhou logo bicho.
Mas senti falta de todas aquelas sebes, verdes, verdejantes, onde nos escondíamos e onde caíamos sem nos magoarmos. Espatifei a bicicleta do João Perry na sebe do meu quintal, destruindo-lhe a roda da frente que ficou num oito ... o que me pesou na consciência durante anos.
A Bafatá parece o resto da cidade ... fazem-lhe falta as sebes.
Era só isto que tinha para partilhar.

Kitos

22 comentários:

John C disse...

Kitos, dizes bem nostalgias... mas para mim de inocencia e "care free" espirito que tinhamos em relacao a' vida. Temos as prioridades todas trocadas e nem nos apercebemos. Se eu fosse o Times diria "nostalgia da proxima vida".

Abraco de irmao...

Mat Kearney disse...
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John C disse...

Ao "dar mundos ao mundo", os portugueses (involuntariamente), destruiram o modo de vida de varios povos atraves dos continentes. No choque das culturas, a europeia prevaleceu. Mas o que e' que tera' destruido a "cultura" da nossa juventude? Sera' que e' pior agora, ou perdemos a batalha contra o consumismo? Uma coisa e' certa, o tempo nao anda para tras!

O meu pai (ou outro qualquer) nunca jugou futebol connosco. Eu, na maioria dos fins de semana, jogo futebol ou tenis com os meus filhos (e outros putos que aparecem no parque). Os meus pais nunca ma leram livros antes de dormir. Eu, nao so' leio como tambem os oico a ler comigo.

De uma forma geral penso que se perdeu o sentido de comunidade de bairro (tipo tribal).

Luis, acho que escrever o dito livro e' uma ideia nao so' fantastica como indispensavel. Tenho a certeza que se nao fores tu sera' um dos putos. Mas nao precisas de o escrever sozinho, todo o pessoal pode contribuir...

I'm all for it...

Zé Paulo disse...

Entendo perfeitamente o que o Kitos quer transmitir. Eu vou regularmenente à RCB ver a "famelga" aos Domingos e "aquilo" é uma pasmaceira total, tirando a confusão da parte da manhã por causa da feira. Uma vez por outra lá se ouvem uns putos no ex-quintal dos Altininos, de resto, nada...E os muros cada vez mais altos, cercas cada vez maiores...Autênticas casas fortes... Saltar o muro para o quintal do vizinho está fora de hipotese ! Ou então façam uns treinos intensivos de salto em altura com o Sergei Bubka..
Abração e bjs para a malta.
Zé(zinho)

Alberto Perry da Câmara disse...

Caro amigo Kitos,

Lembro-me bem desse episódio em que te estampaste no muro da Estefânia, tenho ideia que tinhas tirado a bicicleta ao meu irmão sem autorização. A roda ficou feita em vários oitos... Naquela altura uma bicicleta tinha a importância do mundo, representava tudo: velocidade, liberdade, independência, rebeldia, coragem, estilo,atrevimento, status, enfim... Lembro-me de ter ficado com má imagem tua pois nunca pensei que fosses fazer uma cena daquelas ao meu irmão!!! Mas estás por mim mais que perdoado e que não te doa a consciência pois essas dores e mazelas já não voltam...

Luis

Quanto ao escrever um livro acho excelente mas no início do blog falei que deveria haver uma banda desenhada para que o livro ficasse mais fiel ao nosso imaginário.

Kitos disse...

Becas: não me lembro de ter "tirado" a bicicleta ao teu irmão, mas sim de ele me emprestar... nunca me passaria pela cabeça tirar uma bicicleta ao teu irmão.
Sobre o acidente, não foi no muro da estefânea, mas sim na minha sebe. A roda ficou num oito quando bateu no passeio.
Também me lembro perfeitamente que ia a descer em alta velocidade, para dar a curva para a direita, que era na altura o máximo da adrenalina: fazer aquela curva em alta velocidade com o pedal do lado direito levantado. Acontece que, quando ia a entrar na curva apareceste na tua bicicleta vindo da Rua 1, e para não chocar contigo fui em frente, contra a sebe. Esta a explicação do acidente. Mas também estás perdoado ... eheheheh.
Um abraço Becas (quando é que fazes outra exposição de pintura?)

Mat Kearney disse...
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juca disse...

Caro Kitos

É verdade que tudo está diferente. Acho que no fundo todos gostaríamos de estar sentados nos muros, na conversa ou no corte, nas brincadeiras e desafios. A nossa meninice passou. Deixou marcas. Provavelmente poucos temos bicicletas ou continuamos a usá-las. Depois não foi só o sair do bairro, ou a ida para um apartamento. Foi também o partir de alguns pais, que levaram com eles certamente um bocadinho das nossas vivências. Se ainda lá morasses certamente que ainda nos encontraríamos a conversar no muro, e que os nossos filhos brincariam no quintal uns dos outros.Outros tempos. De qq modo deixa-me contar uma história: certo dia estava eu perto do vosso portão a falar com a Amélia Brito, que como sabes é minha amiga e passa o Cor. Esgalhado com a Dª Cristina. Cumprimentos. Passa o Brig. Stone com o cão: mais cumprimentos. Passa a Dinora: mais um beijinho e dois dedos de conversa sobre os meninos (os meninos da rua, claro!)
Passam os netos da Dª Otília sai mais uma saudação. Sai o Nuno Calvo de carro: mais um aceno! Vem da Rua 2 o Cor. Afonso: mais um acenar. Observação da Amélia: Caramba Juca, tu aqui conheces toda a gente!
Não estejas triste. A minha (dos Salazares!) sebe ainda tem as maças vermelhas. Podemos organizar um torneio de projecção das maçazinhas por tubos plásticos, lembras-te?. Dará para ver o que o tabaco fez a alguns dos que se iniciaram a fumar nos nossos muros...E as curvas ainda lá estão. Podemos também fazer provas de perícia com as biclas. Como o asfalto está uma miséria aquilo até vai parecer BTT.
Beijos
juca

MS disse...

Olá Juca, estás boa? (na foto estavas mto bem!)

achei piada ao ke dizes, mas olha eu por ex. não me incluo nesses barrigudos inactivos...SEMPRE andei e ando de bicicleta e tb prácticamente nunca vivi em apartamentos.

...a nossa infância, bem como a de kk pessoa deixa sempre saudades.

Saudades de brincar, rir, de se divertir kem não tem?
De momentos únicos c/ os amiguitos, na inocência e genuinidade dakela idade, fosse aí ou noutro sítio...aliás o sítio não interessa nada!(como diria a outra..lol)
Crescemos e aprendemos, aprendemos e crescemos mais uma vez..e aprendemos também a brincar de outras formas e a continuarmos a divertir-nos. Crescer não é sinónimo de SÉRIO/BORING..não é? Há é outras brincadeiras mais "apelativas"..para a nossa idade ke própriamente disparar maçãzinhas pelos canudos..lol
Eu pelo menos faço por isso e sou da opinião ke é de fazer por isso...Life should be FUN! Cada um divertindo-se à sua maneira e c/ coisas diferentes, óbviamente.
Fazer desporto regularmente é um must, aliás penso ke a vida s/ actividade física/desportiva..seria terrívelmente boring (impensável pra mim)!! Mas lá está isso já parte da natureza de cada um "irrekietude" ou o ke keiras chamar.

Kto à RCB para Biclar...nahh ..não me parece, demasiado pekena! Já a Quinta da Marinha por ex., sim recomento vivamente!!

Vejo ali mtos miuditos a andar de bicicleta sem mãos e outros coisas (ke ainda faço..lol) e particularmente uma miuda de cabelos compridos e fininhos a toda a velocidade a descer na sua bicla, sem mãos, ali em Birre, e olhando pra ela vi-me na RCB com o Nuno Pais, Ginha etc..éramos nós tal e qual..lol, é sempre giro recordar!

bjos

Guida

Cristina CN disse...

Bem eu não vivi nada disso aqui, mas também gosto muito de morar cá e os meus filhos têm sempre a casa cheia de amigos e primos. É certo que não brincam na rua mas usam bastante o jardim e a casa. Até dei autorização para amanhã os colegas da Mafalda trazerem os skates e andarem na rua. Se for linchada pelos vizinhos digo que a culpa é vossa de andarem sempre a apregoar as brincadeiras na rua.
Portanto, amanhã, não passem pela Rua 4 ;)

Mat Kearney disse...
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Kitos disse...

Querida Juca,
Ainda bem que continua a haver esse espírito, mas continuam a faltar as crianças. Também foi só uma nostalgia.
Outra coisa que me espantou foram os carros de escolas de condução. Devo ter visto 3 carros no espaço de 10 minutos. Um horror. No nosso tempo não se atreviam a entrar na rua.
Um beijo especial.

Cristina,
Faça os seus filhos e amigos usufruírem da rua e não se preocupe com os vizinhos. Verá que o sentido de liberdade deles vai crescer.
Um beijo.

Mat Kearney disse...
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juca disse...

Credo Luís
Que zanga é essa?
Aos que ainda cá estão isso até cai mal...
Juca

Teresa R. disse...

Esta está gira e apropriada??,

A grandmother was telling her little granddaughter what her own childhood was
like: “We used to skate outside on a pond. I had a swing made from a tire; it
hung from a tree in our front yard. We rode our pony. We picked wild raspberries
in the woods.” The little girl was wide-eyed, taking this in. At last she said,
“I sure wish I’d gotten to know you sooner!”

more hugs

Mat Kearney disse...
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Teresa R. disse...

Luís,

Imaginar o que será a infância dos nossos bisnetos!!..dá que pensar..tenho pena de não ter falado com a minha avó da infância dela mas espero falar aos meus netos da minha..

Beijinhos

isabel chinita disse...

Todos crescemos naquele Bairro, terá sempre um significado especial para cada um de nós.
A Rua não podia estar igual, faltam as inúmeras crianças que partiram, hoje adultos com uma infância/juventude felizes, belas memórias, experiências, aprendizagens... Muito para partilhar com a familia, filhos,netos,amigos e dar ao Mundo!!

A exigência da mudança dos tempos levou outra forma de viver ao Bairro. Tocaram-se sebes por bonitas buganvilias, baixos muros por 'altas protecções', carrinhos de esferas por carros de escolas de condução e o elevado número de crianças (hoje impensável para a maioria dos casais) por uma menor descendência de novas famílias sempre bem vindas,e até uma empresa.

Ficaram as vivências ,os bons valores,muitos manos a amizade cúmplice entre leais eternos amigos
os ternurentos notáveis 'Vóvós' que lá vivem e que são o testemunho da história do Bairro que construíram. O refúgio, sábio,seguro que reconforta filhos e netos!!

O que nos rodeia materialmente influência, mas na verdade somos nós que fazemos a qualidade e enriquecemos de valores o nosso Lar, seja ele qual for o local que escolhemos para viver.

Kitos, O que o Bairro nos deu (...)
o tempo não tira!! É nosso!!

Mat Kearney disse...
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Alberto Perry da Câmara disse...

Kitos

Tens rezão de facto talvez não tenha sido como disse mas fiquei com a ideia que o meu irmão te tinha pedido para voltares ou coisa parecida...Enfim depois apuramos os pormenores com o meu irmão!!! Mas é melhor levares companhia porque são dois para um.
E por tua sugestão vou fazer um artigo sobre a "influência da Bafatá nos primeiros passos da minha pintura".

Um ab

Alberto Perry da Câmara disse...

Kitos

Tens rezão de facto talvez não tenha sido como disse mas fiquei com a ideia que o meu irmão te tinha pedido para voltares ou coisa parecida...Enfim depois apuramos os pormenores com o meu irmão!!! Mas é melhor levares companhia porque são dois para um.
E por tua sugestão vou fazer um artigo sobre a "influência da Bafatá nos primeiros passos da minha pintura".

Um ab

Ines Salazar disse...

Ai!Ai!Nostalgias proprias desta altura do ano nao?
Kitos,as nostalgias são proprias, verdadeiras e necessárias para a vida!
Mas concordo com a Guida..Life has to be Fun!!
Brincadeiras para a nossa idade não faltam ...e o que é preciso é gozar a vida e não se deixar cair no "ram ram" nostalgico do dia a a dia!
Um beijo
Ines