"Rua do tamanho do Mundo"

"Rua do tamanho do Mundo"

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

A Janela de minha casa...

Lancei um desafio....Abrir a memoria da nossa juventude, naquilo que tem de melhor na totalidade dos sentidos.Como diz a minha Mãe com muita graça"Bom e velho só o vinho do Porto", razão pela qual o ar espevitado e curioso de uma cria jovem é algo sempre encantador de se observar.
Na nossa casa havia duas janelas estratégicas, respectivamente na fachada frontal no canto superior esquerdo que correspondia ao quarto das meninas e na fachada de tardoz que correspondia ao canto superior esquerdo que era o nosso quarto...o meu e do meu irmão Pêpê(Pedro)
Aquela janela da frente era um posto de observação previligiado para a Gomes da Costa e para os portos de saida e chegada à Rua.As paragens da Carris nas carreiras 19, 34 e 50...
Nunca esquecerei as espreitadelas de madrugada para ver como estava a paragem e se os autocarros vinham cheios ou se estavam muito atrasados para irmos para as aulas.À tarde eram um indicador horário da vida do bairro, quase como uma torre sineira que se anuncia,, pois invariávelmente as pessoas chegavam em horarios de rotina que nos compassavam o dia.Quem não se lembra da Mãe Camacho a chegar sempre com um sorriso na face por mais cansativo que o dia tivesse sido, ou do passo apressado e sempre urgente da Mãe Pais, ou ainda de algumas Mães que invariávelmente e sempre à mesma hora iam esperar os filhos à paragem( o Toninho da D.Estefânia) com um ar preocupado de quem não tinha a certeza da chegada...
A janela de trás era diferente...Era a moldura da minha juventude de estudo e ao mesmo tempo a porta dos nossos sentidos.
Jamais esquecerei as rosas amarelas em flôr do meu quintal e a sua fantástica, embora perene, beleza que invariávelmente me acompanhavam nos estudos de Maio a preparar as frequências de Junho na Universidade, ou o incrível perfume da Dama da Noite nas noites mais quentes de verão em que o agradável do cheiro compensava o desconforto do calor que teimosamente se opunha a um sono tranquilo e descansado, ou o pôr-do-sol que invariávelmente observava com a nostalgia de quem não gosta de vêr partir um Amigo.
Como esquecer a chuva e o vento batido nas vidraças da janela em noites invernosas em que o "Serra de estrelas" e o "Oceano Pacífico" eram auxiliares de estudo preciosos contra o cansaço, prenuncio de uma condensação que deixava invariavelmente testemunho nas mesmas em cada manhã que se renovava...
Mas tambem para nós como muitos de vocês, aquelas janelas foram portas de entrada a desoras , com a cumplicidade de irmãos que interrompiam o seu sono com uma camaradagem que jamais se esquece por mais madrasta que a vida seja... ou meio de transmitir mensagens e noticias que jamais esquecerei.
Mas melhor que tudo,aquelas janelas eram a fantástica escotilha de um mundo seguro que para nós se tornou previsivel e que jamais esqueceremos.
J.Perry

6 comentários:

Mat Kearney disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Que janelas bonitas as da tua casa João! Bjinhos, Clara Martins

Alberto Perry da Câmara disse...

Mano João,

Também tive as mesmas janelas, prometo fazer a minha versão.
Gostei!

Anónimo disse...

Pois eu digo sem qualquer tipo vergonha.. Amei de Paixão esta descrição das vistas das janelas do João!
Um beijo
Ines

Cristina CN disse...

o Oceano Pacífico... ai o Oceano Pacífico.... ai Álgebra III e Cálculo II ao som do Oceano Pacífico...ai tantas horas...o Oceano Pacífico é o denominador comum de todas as gerações, todas as faculdades, todos os cursos...

Mat Kearney disse...
Este comentário foi removido pelo autor.