"Rua do tamanho do Mundo"

"Rua do tamanho do Mundo"

terça-feira, 29 de maio de 2007

...tiradas do fundo do baú (Lígia)

Olá Pessoal!

Como não sou dotada para a escrita, deixo apenas aqui algumas dicas, sem qualquer ordem cronológica (retiradas aleatoriamente do meu baú das recordações), para quem tem jeito, gosto e tempo para escrever, e ainda alguma memória.

- Os magníficos jogos olímpicos que até davam direito a recepção de medalhas (com fio com cor de acordo com a categoria) em cima do pódio e ao som do hino;

- A caça ao tesouro que durava dias, e mais dias, com uma área geográfica cada vez mais abrangente;

- As idas à casa de férias dos Salazares em que a mãe Jaqueline nos preparava umas sandochas e outras coisas boas mais;

- O anúncio da TV dos putos lá da rua (resta-me a memória de um bando de miúdos aos saltos e a correr atrás de um automóvel);

- O passeio à praia com o pai Jorge Salazar ao volante da carrinha do colégio inglês (para animar o dia o Rui da Nova cortou o pé num mexilhão – até acho que fui eu a culpada - e lá fomos todos a correr pelas ruas de Cascais para o posto médico);

- Os jogos do mata com bolas feitas de meias de lã (invariavelmente acabavam num dos telhados), da Ciruma (nem sei se é assim que se escreve), do futebol sem bola, das corridas das caricas pelos lancis dos passeios (os nossos ciclistas), dos jogos de berlinde (1ª, 2ª, 3ª, 4ª, piras e matas, será?), dos jogos com a “pressão de ar” onde se abatiam os soldadinhos ingleses, alemães, etc.;

- E as nossas festas, especialmente na garagem dos “Da Nova”, em que durante um período foi o nosso “antro”. Estava mesmo arranjadinha, com mesa de jogo, aparelhagem, almofadas...;

- E as fogueiras nos santos populares onde por vezes dava direito a churrasco de comida, de cabelos e até de pestanas;

- E os jogos às escondidas à noite (31), que até havia aqueles que alinhavam já de pijama (recordo nitidamente os pijamas muito giros dos Perrys – calções e camisa de paninho);

- E as idas à “chinchada”, que mesmo que tive-se-mos fruta igual no nosso quintal, a dos outros era sempre melhor;

- E as noites de Verão no muro branco do fim da rua 4 (puxa corda invisível, atira pedra a fingir,...coitados dos automobilistas);

- E os “Álamos” (clube só da meninas), onde se aprendia a tocar viola e a cortar esferovite com facas quentes, no sótão dos Esgalhados;

- E a delícia da casas em obras em que se podia entrar e sair à vontade e subir e descer andaimes;

- E quando, mesmo fora da época do Carnaval, os autocarros eram premiados com ovos e bolas de cipestre (em que o Nuno Salazar ganhava entusiasmo e lançava o primeiro objecto que estivesse à mão);

- E as idas à piscina dos Olivais em que os heróis eram os que saltavam da prancha dos 10 m (eu fiquei-me pelos 5 m);

- E quando as raparigas começaram a ir às festas fora da rua e os rapazes apareciam e criavam sempre confusão (cabine telefónica, vidros partidos, polícia – alguém se lembra?);

- E os nossos cães, os da casa como o Brownie e a Mayá (que nem a deixávamos parir em paz tal era a ânsia de ver os cachorrinhos a nascer), e os vadios como a Perdida e a irmã (nunca soube o nome dela);

- E o clube dos que eram obrigados a ir à missa e que passavam a hora correspondente em cima de uma árvore em grande reunião;

- E quando gamaram as latas de tinta e resolveram grafitar muros e paredes (sem grande jeito pois à memória só me vêm disparates);

- E as idas para cima da árvore das “Estefânias”;

- E a fase dos nossos patos, com alguidares de água enterrados no chão para eles poderem nadar (recordo ainda o desgosto do Jorge Paulo quando viu o Tico e o Teco mortos por um gato);

E (esta memória é para o meu amigo Nuno Salazar) os bolos que ele inventava e que lambuzados com manteiga ficavam deliciosos;

E os dias e as noites de conversa em cima dos muros, sobre tudo e sobre nada;

E... ficava aqui a alongar-me mais e mais, mas já deixei aqui algumas pontas de fios para quem os queira desenrolar e contar um pouco mais sobre os vários episódios do nosso passado.

Para todos os meus amigos da minha infância e adolescência um grande beijo saudoso do tempo que passamos juntos.

Lígia (Rua 1)

3 comentários:

redjan disse...

Wow .. mana gémea !!! O anúncio era sobre o Renault 5 ... quem o arranjou para o pessoal todo foi o Nuno Salazar ! Foi gravado nas ruas de Alfama. Na altura ganhei 1000 escudos.. descontei 20 para o Fundo de Desemprego ( juro.. foi mesmo! ) e fiquei com 980 ! Se nos lembrarmos do preço das coisas ... pastilhas pirata a 50cent e 1 escudo.. SG Filtro a 5$60 ( como será que me lembro ? )... deu para gastar durante quase 3 anos , todos os dias pedia à minha mãe ... do meu $$$ !!

Quanto a tudo o resto que falas ... já disseste tudo.... era a nossa vida... como crescemos de meninos da primária até namoradores !!!!

capesi disse...

Fantástico, Lígia!

Aínda bem que estás pouco à vontade a escrever...ehehehehe

Beijinhos,
Bi

Anónimo disse...

A árvore das estefânias, deve ser a árvore da minha mãe, é a Salomé que responde....