Meus Caros
Tal como há mais de 35 anos acabei de chegar ao Bairro...
A minha primeira recordação vai para cada um dos nossos Pais, interpretes de uma nova forma de estar e viver na cidade ( desprendida e generosa), verdadeira revolução que atirou os filhos para um mundo de aventuras e de memórias,(semelhante às das revistas do Falcão e do tintin que liamos avidamente) naquilo que eram os arrabaldes da cidade, onde o estabelecimento comercial mais proximo era a Taberna do Sr.Manuel...
Casas com tacos de azinho que ainda hoje resistem e traços arquitectonicos de escadas modernas com um visual nordico, feitas a pensar numa classe media emergente e hoje em vias de extinção,numa luta (às vezes desesperada e com muito sofrimento) constante de melhora e sobrevivencia.
A todos e cada um desses interpretes (alguns nossos grandes companheiros ainda hoje graças a Deus) que povoam o nosso imaginario( quem esquece a figura de chapeu do Pai da Ligia, da Flora, do Rui e da Elsa que deu origem aos chapelinhos, o nosso meteorologista Antibio de Azevedo, a Mãe Caninhas e o seu racing VW carocha, o Bigode de autoridade respeitavel do Pai Esgalhado, o sorriso irradiante da Mãe Altinino, a constante disponibilidade da Mãe Pais, as conversas politicas do Pai Camacho, ou a amizade e simpatia constante do Pai Salazar Antunes e tantos outros que vou tentar recordar) eu agradeço ter tido o prazer e o gosto de conhecer e das experiencias que através deles recebi e me ajudaram e ajudam a procurar interpretar e perceber o mundo...
Tive muita pena de por estar na Macedonia não ter podido ir ao almoço partilhar convosco muitas destas memorias( a que o Times apelou), mas vou procurar agora e com alguma assiduidade depositar neste espaço, prolongamento virtual da nossa Rua.
Quando no outro dia fui com os meus gémeos ao cinema( nunca me passou pela cabeça que tal como alguns daquela Rua,as Azevedo e as Chinitas s.m.o isso tambem me aconteceria) ver o Harry Potter disse-lhes que eu quando era miudo tambem vivi num mundo em muito semelhante aquele que agora faz furor no cinema.Lêr os posts tem-me arreigado ainda mais essa convicção.
Até amanhã na Rua...
terça-feira, 24 de julho de 2007
Cheguei ao Bairro
à(s) 23:01
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11 comentários:
Deixa-me adivinhar: Quando dizes isso aos teus miúdos, que tinhas aventuras semelhantes, eles olham para ti com cara de quem está a pensar: «Olha para ele, armado... como se eu acreditasse»
Pois, também acontece com os meus.
às vezes nem me deixam começar a falar , «lá vem ele com aquelas histórias dos Olivais... ó pai, tá bem...!»
Joãozinho»
Simplesmente fundamental a referência aos nossos Pais e Mães ! Os ' colonos 'da Bafatá ! Pelas palavras acerca da Mãe Pais ..... OBRIGADO !!!
Janjan
As assoalhadas acatitadas tiveram uma grande importância na formação dos RCB: obrigaram-nos a aprender a partihar espaço com outros (irmãos) e a sermos menos egoístas e mais tolerantes, e "atiraram-nos" para a rua e para os quintais, onde aí sim havia montes de espaço. Todo o espaço era partilhado com amigos. Os novos vizinhos colocam gradeamentos de 3 m de altura, portões automáticos para não terem que sair do carro e cumprimentar quem vive ao lado ou em frente. Tempos diferentes, mas só para os novos habitantes. Os que lá permanecem estão na mesma...
Juca Perry
Bom ver que os Perry da Camara estao connosco. A criacao dos Olivais foi uma necessidade socio-demografica-politica da epoca. Com a migracao de pessoal do campo para a cidade e consequentemente o crescimento de uma classe media que necessitava acomodacao o governo fascista teve de "criar" bairros perto do centro da cidade onde os capitalistas exploravao o trabalho dos nossos pais. O desastre (social re-engineering da pequena classe politica) foi ter forcado a mistura social com a construcao dos predios (not complaining, just stating the facts). A RCB foi uma experiencia unica pois nao haviam muros e o influxo deu-se num espaco de tempo muito curto. Nao permitindo a separacao das familias e proporcionando um sentido de comunidade "especial" (talvez o mesmo que os pioneiros que povoaram a America). Fair well for now!
O que é um facto é que hoje olhamos à volta do bairro dos Olivais e podemos afirmar com clareza que já não se vê urbanismo desta qualidade. Os Olivais representa a ultima expropriação feita pelo estado português onde se desenvolveu um urbanismo pensado com custos controlados. A integração de prédios, repetidos na sua tipologia duas a três vezes misturados com faixas de moradias e prédios baixos, ruas sinuosas, conferiu aos Olivais uma textura unica na cidade de Lisboa. Já para não falar nos espaços verdes que são sem duvida dos mais bem pensados do sec. passado e presente. Hoje, o que se assiste é um verdadeiro descalabro, Lisboa cresce desmesuradamente muitas vezes sem planeamento, entre muros e condominios fechados... Agora meus caros amigos, olhem bem para o que fizeram no espaço do antigo Pingo Doce!!! Aquilo é que é progresso!!! Que monstro!!! Completamente fora de escala, até há uma varanda que passa por cima do passeio!! Será que os nossos presidentes e arquitectos de Câmara não vêem o que estão a fazer aos Olivais. Aquilo é um verdadeiro Crime!!!
Joãozinho, em nome da malta da Bafatá devias fazer um artigo na Agência Lusa a denunciar os "Mostros Modernos dos Olivais".
Agora como visitante atento à transformação dos Olivais, já ouvi falar em interesses em reduzir o ultimo reduto dos espaços verdes dos Olivais " Vale do Silêncio" por favor, estejam atentos....
Um abraço
Becas Perry
Épá!
Isso era uma bela história!
E como neste blogue há de tudo, arquitectos, advogados, malta ligada *à construção, às Finanças, até malta que anda nos aviões e tem o privilégio de conversar com os VIP's nacionais, eu peço que quem saiba de alguma coisa concreta... um documento, uma proposta, qualquer coisa para lixar o vale do Silêncio, avisem-me logo!
Isto aplica-se a quaisquer outros atropelos da vida pública que saibam... (olha pra mim a capitalizar o blog para meu proveito profissional... eheheh)
Avisem-me sempre!
jfonseca@lusa.pt
Abraços
«Joãozinho»
Ah, becas, claro... é uma bela reportagem, contar o que era os Olivais e o que estão a fazer desse bairro modelo...
Está já registado na minha carteira de trabalhos!
Abraços!
«Joãozinho»
Joãozinho
Se precisarem de alguém para se sentar na base das árvores ou amarrar-se a elas, ou para fazer frente a buldozzers (tipo deitarmo-nos no chão) ou atirar pedras, eu já tenho alguma experiência. Se calhar tenho que arranjar uma fisga e recomeçar os treinos...
Um abraço
Juca
Ehehehehe...
Tiveste piada Juca!
Beijinhos
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