Pois é, também naquela Rua havia uma cultura invejável...quantos de nós não se recordam dos livros que se trocavam e comentavam entre todos...quantas aventuras e autores descobertos em conjunto, temas e paixões sobre tropas especiais, os cinco, Sven Hassel e tantos outros...ou as musicas e os seus autores, Deep Purple, Genesis, Black Sabbat e tantos outros ouvidos até à exaustão pelo Nuno Salazar no gira discos lá de casa que se ouvia na nossa ao vivo ou o Rock em Stock ouvido em casa dos Esgalhados....E depois a aprendizagem politico-social?E esta hem?(vai ficar para mais tarde...)
Na nossa casa somos quatro, respectivamente o Tó ( o "brilhante" lá de casa, excepcional aluno, primogenito sentido, muito Amigo do Jorge Esgalhado,Ana Teresa Salazar Antunes, Paula da Nova e de tantos outros), eu(nunca se deve ser advogado em causa propria), o Pedro ou Pêpê( o mais bem comportado lá de casa, e sentido por todos nas suas "boas acções", nomeadamente pelo Maseratti do Pai Salazar Antunes ou pelo vidro traseiro do Opel do Pai Esgalhado, um poço de generosidade e disponibilidade para os outros,fantastico mecânico-com curso tirado na garagem do Armindo no quintal da D.Estefania- e faz tudo à disposição de todas as mães da Rua, com uma imaginação prodiga em soluções tecnicas ajudadas por umas mãos de ouro como nunca se viram noutro, inicialmente parelha ou ajudante do Nuno Salazar a quem como confessado pela propria conquistou a irmã mais nova) e o Becas( o mais louro e mais Bafatense de todos os irmãos, até porque não foi privado da mesma pela vivencia do Colegio Interno que os irmãos frequentaram e um Amigo interminável de tudo e de todos, que poderão dar testemunho mais insuspeito que o meu).Nos Salazares Antunes havia o Jorge Paulo ( exemplo da fleuma e postura britânica do Pai -quer nos gestos, quer na semelhança desde fumar até conduzir que apenas perdia a jogar à bola onde era eximio jogador a emparelhar com o Tó João ou com o Francisco)e o Nuno(o maior -no sentido literal- terrorista-no sentido explosivo- da nossa Rua, cuja descrição das suas aventuras dariam para escrever uma obra em vários tomos a todos os titulos notável com vários capitulos só para a vida passional que extravasou fronteiras, sobretudo porque pasme-se, e ao contrario do que muitos à època podiam pensar sobreviveu, pela simples razão de ser essa a sua natureza ).Teremos essa oportunidade seguramente...
Depois vinha o Rui da Elsa, o unico rapaz de uma casa de mulheres de enormes personalidades, que foi só, repito, só o rapaz da minha geração que andava melhor à pera....vi-o dar um enxerto no Zé Paulo Baltazar numa festa à porta da casa de Tomar que ainda hoje me lembro...Batia frio como a chuva, não aquecia e ainda fazia um sorriso maroto...
Restam os Calvos, o Manel, aquele sorriso franco e aberto que todos aprendemos a gostar pela amizade paternal que sempre nos transmitia, talvez o militante vivo mais antigo do PSD, que era o primeiro a transmitir todas as noticias do que se passava no nosso bairro,tal e qual como se pertencesse ao SIS, sempre entre cigarros que fumava uns atrás dos outros na melhor tradição da sua casa, uma daquelas casas Alentejanas onde dava gosto ser recebido, com conversas intermináveis pela noite dentro.Depois havia o Nuno, sempre bem disposto, o olho masculino mais bonito lá da Rua e grande confidente duma ala significativa de meninas da Rua (as Paixões e a Guida Camacho) e com quem passei em casa do Antonio Correa de Aguiar uma das semanas de ferias mais divertidas da minha vida.Está, como esteve, sempre connosco...Por ultimo o Miguel, aquele sorriso alto e franco, nervoso e preocupado, grande futebolista sempre disponivel para rir com todos.
Como podem lêr não faltava matéria prima naquela Rua onde como cantava o poeta, pareciam bandos de pardais à solta numa rua em que "quando a noite cai vai-se a revolta, sentam-se ao colo do Pai é a ternura que volta....Eram assim os meus Amigos e é por isso que sou um homem de Fortuna...(que não do tabaco espanhol...)
Vou jantar, não saiam do muro que eu já volto....
JPerry
segunda-feira, 30 de julho de 2007
Oa Capitães da Areia (parte II)
à(s) 12:52
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2 comentários:
João,
Não há lugares no muro! Está tudo ocupado!
Estamos todos à espera da parte III...
Bi
Caro Mano,
Imagina se não tens ido para o Colégio M....Não!, o sentido está, quando o pouco que se vive sente-se com maior intensidade.
Aquele abraço
Do Mano
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