short story

Olá a todos.
Neste período de férias, em que está tudo um pouco adormecido, aliás como já foi francamente notado e anotado, aqui vai uma pequena “memória” especialmente para o meu amigo Nuno Salazar que se não me falha a memória faz agora no dia 19 de Julho 45 anos (bonita idade, ainda um jovem rapazinho – pois pudera, é a idade que vou ter daqui a uns meses).
De vez em quando, principalmente quando as noites eram mais agitadas, o meu amigo Nuno fazia “trepas” até à janela do meu quarto (tarefa difícil pois na altura não havia grades, mas ele lá cumpria o seu objectivo com a destreza de um gato), a qualquer hora da noite, apelando para 5 ou 10 minutos de companhia e 2 dedos de conversa.
Um dia, não sei se por ir ter algum exame ou teste no dia seguinte, ou se por estar mais cansada, zanguei-me e disse que não ia lá abaixo. O Nuno, já meio bêbedo, ou mesmo inteiramente bêbedo, olhou para mim e disse:
- Se não vieres cá abaixo, não saio daqui!
Dito, e feito, agarrou-se ao varão do estendal da roupa e deixou-se escorregar até ao chão.
Fechei os estores de modo a ficar com frinchas e fique a espreitar durante um bocado. O Nuno não se mexia, mas eu também me mantive firme na minha decisão e voltei para a cama, ainda que cheia de remorsos. No dia seguinte quando me levantei fui logo à janela espreitar, mas ele já lá não estava.
Dias mais tarde, ou talvez no dia seguinte, o Nuno confessou-me que adormeceu ali e só quando amanheceu é que voltou para casa.
Não sei se o Nuno irá alguma vez ler esta lembrança (talvez Inês possas dar-lhe alguma dica sobre este blog) mas aqui deixo um grande beijinho para este meu amigo destrambelhado, uma das grandes referências da minha infância.
Em breve irão surgir fotos novas no blog (fase de adolescência). Até lá um grande beijo para todos.
Lígia