"Rua do tamanho do Mundo"

"Rua do tamanho do Mundo"

sábado, 16 de junho de 2007

Acerca da Rua Cidade de Bafatá...

Aterrei na Rua em 1966, com 3 anos de idade e tenho ideia que a minha família foi das últimas, senão mesmo a última a chegar.

Por força do círculo religioso, do qual os meus pais faziam parte, foram muitas as famílias com quem me relacionei desde muito pequeno. Lá da Rua eram os Azevedos e os Pais, e de Vila Fontes eram os Duques, os Oliveiras e os Trindades. Também me lembro que, até determinada altura, havia sempre uma qualquer mãe grávida!

Anualmente, gosto e tenho conseguido passar uns dias de férias, com os meus pais e em conversas de verão, ao serão, ao longo dos últimos anos tenho tido conhecimento de coisas fantásticas, que aqueles casais, na altura ainda não quarentões, faziam uns pelos outros. Tinham um espírito de entreajuda, que infelizmente hoje em dia, não existe! Outros tempos, outros bairros e outras ruas...

Também tenho ideia que a mãe Camacho e a mãe da João Leitão eram amigas da minha mãe, em solteiras. Sei que os pais Leitão (Milú e Manel) só não são os meus padrinhos, por pressão familiar atrasada mental, própria da época.

Pela parte que me toca, a nossa Rua foi uma grande escola e foi fantástico ter tido a oportunidade de crescer naquelas condições. Da minha infância e à conta da nossa possibilidade de "passar" o tempo todo fora de casa, só guardo boas recordações. Das más, não tenho nenhum registo relevante. Como sou da 3ª geração e mesmo assim dos poucos de 63, só já na adolescência comecei a conviver mais estreitamente com o pessoal da rua 1. Confesso que sempre achei que havia demasiado futebol, para o meu jeito. Nada a fazer e só nos "baliza-a-baliza" na rua 1, conseguia fazer qualquer coisa a roçar o menos anormal. Com aquilo que jogava e gostava de futebol, nunca pensei que anos mais tarde me tornaría num benfiquista convicto e um razoável conhecedor deste fenómeno, que não me dizia nada. Quando fiz 18 anos, o Becas e o Janjan ofereceram-me um cartão de sócio do Glorioso e "deram-me" a volta de uma forma, que hoje em dia sou um observador atento em tudo o que diz respeito ao nosso clube e tornei o meu filho num verdadeiro adepto SLB. Relativamente às coisas da bola e para terminar este assunto, quero partilhar o seguinte: Acho que em 86, houve um torneio de futebol de salão na Encarnação, que tinha um nível competitivo relativamente elevado e para o qual acabámos por formar uma equipa de gajos desconhecidos no meio, mas com valor acima da média. A equipa tinha o nome "Socidel" e era composta por: Jorge Badalo (GR), Ossitos (GR), Becas, Rui da Nova, Janjan, Jorge Salazar, Miguel Bidarra, Nuno "Catarino" (deu-me uma branca e não me recordo do apelido, mas como é o irmão da Catarina, fica "Catarino"!), Tétó, Tareta e posso estar a esquecer-me de alguém, mas não é intencional. Isto só aparece aqui porque "nós", equipa o mais stressless possível, ficámo-nos pelas meias-finais (roubadíssimos), ganhámos a taça Fair-Play/Simpatia (e não foi por eu estar sempre de Super Bock no banco, uma vez que foi votada por todos os responsáveis das equipas e a nossa foi a única que teve vários votos) e apareceram um "gaijos" que queriam contratar o Nuno "Catarino", tipo contrato pró. Foi lindo e acaba aqui o capitulo futebol!

Como a vida é feita de ciclos, foram vários aqueles que vivi enquanto morei no 11 e 14 da nossa rua. Durante a infância foi aquilo, de que todos nós temos fogachos de coisas boas, tipo noites "intermináveis" e brincadeiras que eram "suspensas" para as refeições. Nos 4 anos que andei na Nampula, não tive nenhum colega da rua. Os dois anos que fiz na Damião de Góis (onde voto e costumo encontrar o Ica), também não tive ninguém da rua nas minhas turmas. Seguiram-se 3 anos de "exílio" nos Salesianos (campo de ourique), onde tinha o meu irmão Joni e o Nuno Pais, um ano à frente. Vá lá, tive dois gajos lá da rua... Saí dos Salesianos para o Padre António Vieira e voltei a ter o meu irmão um ano à frente. Básicamente, isto só serve para dizer que não frequentei o D.Dinis, como a grande maioria do pessoal da rua e foram mais uns ciclos que passaram.
Recordo com particular saudade, os tempos vividos nos anos 80, com o Becas, Janjas, Quitos e Gracinha, Tó João e Ossitos, Jorge, Nuno e Inês Salazar, Xicão, Rodrigo, Zé Foca e João Leitão. Rua, Munique, Russos, Browns, Rock Rendez-Vouz, Central Park, Seagull and so on...
Saí da Rua em 1989 e voltei há 6 anos, para morar a 200 metros. É fixe e nada nostálgico! Definitivamente, é o meu Bairro e ponto!

Beijos e Abraços,
Bi

10 comentários:

redjan disse...

Fantástico passeio pelo teu Bafatismo Bizou ! E fico contente pr ter germinado a semente Benfiquista ! Perfeita análise por alguns dos pontos que aproximavam alguns ... a bola, o D. Dinis ! O que à tua maneira torneaste vindo a ser um dos cromos de referência da nossa colecção.
Falo por mim, é bom ter-te por aí...

Janjan

Anónimo disse...

que belo resumo Bi.

No grupo dos nossos pais a entreajuda era muita. Eles cresceram com muito mais dificuldades do que nós, mas sabiam unir-se . Eram também tempos mais calmos, mas eles sabiam fazer as coisas.

Adorei a tua das brincadeiras "suspensas" para as refeições. É essa a memória que tenho. Passavamos o tempo a brincar e suspendiamos só para ir comer e dormir (e mesmo assim, algumas vezes, bem que yinham de chamar por nós)

Anónimo disse...

Bi, as memórias são muitas e ás vezes dou por mim a lembrar com muita saudade essas idas ao Browns e afins...e as noites passados ora em tua casa ou em casa do Becas a ver os episodios do "Tal Canal" do Herman? O que nos riamos na altura.E as noites passadas no "escritorio" em que não poupavamos as toalhas de papel e saiam de lá "poesias" maravilhosas embora no inicio servisse para apontar as imperiais que cada um bebia! Encontrei vários anos depois aqui em Viseu os empregados do Hexagono o sr. Zé (lembram-se?) que me fez uma festa quando me viu. E o rapaz da testa de ferro? Esse vive cá em viseu e é vendedor... e uma vez que vou no Laureate do meu pai para os Russos e depois fomos ao Central Park e tu Bi, tiveste que vir á minha frente para me indicar o caminho.
Que tempos tão arrasadores, mas ao mesmo tempo tão bem vividos!!
O que é engraçado é que as memórias vão refrescando com estes encontros que temos aqui neste blog...obrigado por isso...
Um beijo a todos

Mat Kearney disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Não me esqueço é daquele assobio forte e prolongado do Pai Pereira da Silva a chamar o seu pessoal para casa...
Mais uma daquelas da nossa memória colectiva

Abraços

capesi disse...

Nem mais, Zézinho!

Abraço,
Bi

capesi disse...

Aproveito para pegar no termo que a Inês foi buscar e que é fantástico, dentro do seu contexto, claro!

Quantas e quantas vezes, alguns de "nós" informavam terceiros que íam ao "escritório".

O "Escritório" era, simplesmente o Hexágono/Russos, dos nossos grandes amigos António, Ramos, Jaime e Zé. Aínda hoje, das poucas vezes que estou com eles, fazem uma festa monumental e recordam, com saudade, os tempos que passámos juntos. Para quem não viveu esses tempos, não imagina os anos que aquilo durou...

Deixo só uma pequena história de um amigo meu, do ramo dos automóveis e que até chateia de ser tão do género "Zé dos Plásticos", falo do Fifé e que chegou comigo ao "escritório", onde era conhecido, mas não tanto como eu. Tiveram que lhe dizer: desculpe lá, mas o sr. bi vem aqui desde que isto abriu e é da familia!

Beijos e Abraços,
Bi

capesi disse...

Tive que ligar ao Janjas, para culmatar a branca que me deu e não me lembrar do sr. Ramos.

Nós não eramos mesmo maus putos, mas faziamos demasiada maluquiçe.

Lembro-me de, após avacalhar por completo a cabeça do sr. Ramos, ir dar com ele no cubículo, que servia de escritório, a chorar e de ter sido um ponto de viragem no nosso relacionamento! Falei disto há uns anos com ele, e ambos nos rimos imenso, porque foi um episódio positivo.

Anónimo disse...

Bi eles eram mesmo tipo familia!
Lembro me um dia ir aos Russos á vossa espera provavelmente, e como não vinham sentei numa mesa. Pois aquilo era tão bem frequentado que o Sr.Zé reparou que eu estava sozinha e sentou-se ao meu lado até voces chegarem...protecção de pai mesmo nao? Ainda estão lá os mesmos?

capesi disse...

eheheheheh

Faz uns anos valentes em que eles se separaram e agora, no Hexágono estão o Jaime e o Zé e na Rua Filipa de Vilhena (bem próximos), estão o António e o Ramos.

Quase todos são avôs, mas isso também não é nada que o Rui da Nova e o Raul não sejam... LOL

Beijos e Abraços,

Bi